Restrição a energias renováveis pode aumentar preço da conta de luz, alerta Eletrobras
Nos últimos anos, a energia solar e eólica garantiram tarifas mais baixas para grandes consumidores

O vice-presidente de Comercialização e Soluções em Energia da Eletrobras, Ítalo Freitas, alertou nesta quinta-feira (7) sobre uma tendência de alta nos preços da energia nos próximos anos. Segundo o executivo, as restrições para investimentos em energias renováveis, como a solar e eólica, contribuem para essa pressão de preços, além dos desafios operacionais que essas fontes intermitentes têm imposto ao sistema elétrico.

Nos últimos anos, a energia solar e eólica garantiram tarifas mais baixas para grandes consumidores, mas o rápido crescimento dessas fontes tem gerado sobreoferta em horários de alta produção. Como resultado, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem ordenado cortes involuntários na geração — um processo conhecido como "curtailment" — para manter a estabilidade do sistema. Esse mecanismo é motivo de disputa judicial entre geradoras e a Aneel, com empresas do setor argumentando que o "curtailment" desestimula novos investimentos ao reduzir receitas.

Eletrobras Se Beneficia de Cenário de Alta na Energia Hidrelétrica

Com uma carteira de geração majoritariamente hidrelétrica, a Eletrobras está posicionada para se beneficiar da tendência de alta nos preços de energia. A companhia garantiu prêmios pela oferta de energia no horário de pico, ao fim da tarde, quando a produção solar diminui e o consumo aumenta. Em outubro, esses prêmios chegaram a R$ 24 por MWh no Nordeste, enquanto nas demais regiões o valor foi de R$ 20 por MWh.

No mercado livre, a empresa possui contratos para venda de energia, o que deve favorecer sua receita em um ambiente de preços mais altos. A Eletrobras, que responde por 22% da capacidade de geração do país, possui 44,1 mil MW de potência instalada, sendo 95% provenientes de usinas hidrelétricas.

Resultado do Trimestre e Planos de Redução de Custos

No terceiro trimestre de 2024, a Eletrobras registrou um crescimento de 387% no lucro líquido, impulsionado pelo ajuste no valor de ativos de transmissão após revisão tarifária, o que contribuiu com R$ 5,4 bilhões dos R$ 7,6 bilhões em lucro.

A companhia também avança em seu plano de redução de custos, com foco em pessoal, manutenção e serviços. Um novo acordo coletivo foi firmado, ajustando salários e benefícios para 65% dos empregados e permitindo um novo plano de demissão voluntária para adequar o quadro.

Captação e Solidez Financeira

Em 2024, a Eletrobras captou R$ 22,1 bilhões, o que lhe proporciona uma posição de caixa robusta para cobrir investimentos e dívidas pelos próximos cinco anos. Eduardo Haiama, vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores, afirmou que a empresa está “muito confortável” para enfrentar oscilações de mercado e buscar novas oportunidades de crescimento.

A empresa também segue em mediação com o governo federal sobre a presença da União em seu conselho após a privatização, embora o tema não tenha sido abordado na conferência desta quinta-feira.

A Eletrobras se prepara para aproveitar a valorização do mercado energético e manter sua posição estratégica no setor, enquanto gerencia custos e busca novos horizontes de crescimento.

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