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A oferta de ensino superior no Brasil é amplamente dominada por instituições privadas. Segundo o Censo da Educação Superior, divulgado no último dia 10 pelo Ministério da Educação e Inep, apenas 321 de um total de 2.595 universidades no Brasil são públicas e 95% das vagas preenchidas em 2022 foram ofertadas por instituições particulares. Nesse contexto, investir passa a ter papel importante para guardar o dinheiro necessário.
Uma das opções disponíveis para o brasileiro interessado em investir na educação dos filhos foi lançada neste ano pelo Tesouro Nacional: o Tesouro Educa+. Os responsáveis podem investir em um título até que a criança ou adolescente comece a faculdade ou curso técnico.
Quando o papel chega no vencimento, o investimento é devolvido em parcelas mensais por cinco anos com correção pela inflação e acréscimo de juros – que hoje chegam a superar os 6% ao ano.
Além do tempo de investimento, aplicações para as crianças mais novas se beneficiam dos juros compostos no Educa+, por isso os aportes mensais ficam ainda menores. “Ao longo do tempo, os juros não são calculados apenas sobre o valor inicial investido, mas também sobre os juros já acumulados, levando a um crescimento exponencial do investimento”, explica Gianluca Di Mattina, analista de investimentos da Hike Capital.
Cursos de graduação no Brasil registraram, em média, valores de menos de R$ 500 em 2022, segundo a plataforma Desafios da Educação, do Grupo +A Educação, citando dados monitorados pelo Educa Insights. Dessa forma, R$ 1 mil tende a ser ainda suficiente para custear mensalidades.
Uma simulação no site do Tesouro Direto mostra que R$ 150 mensais são suficientes para garantir uma renda de R$ 1 mil para uma criança que hoje tem um ano. O valor tende a cobrir custos da maioria dos cursos de graduação no Brasil. Para a criança que hoje tem 10 anos, o aporte mensal necessário sobe para R$ 419,75. As projeções levam em conta que o dinheiro será usado para custear faculdade ou curso técnico a partir dos 18 anos.
Novos no mercado, os títulos do Tesouro Educa+ oferecem remuneração acima dos papéis tradicionais de inflação, do Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais. Essa rentabilidade é afetada por vários fatores, como política monetária do País, a inflação, eventos globais – como conflitos e crises sanitárias – e expectativa dos investidores sobre
“A interação desses fatores vai determinar se os rendimentos reais vão cair ou subir nos próximos meses”, explica Di Mattina. O analista ainda diz que “é importante observar indicadores econômicos, decisões de política monetária e eventos globais para ter uma ideia mais clara das tendências futuras”.
Quanto aplicar para pagar curso de R$ 500
Para as mensalidades mais baratas, como as de cursos à distância, o investimento mínimo é de R$ 75,06 por 17 anos para alcançar renda de R$ 500. Mas, quem tem menos tempo precisa investir mais alto: R$ 615,90 por mês para bater a meta em três anos.
Cursos de primeira linha
Para faculdades mais caras, com mensalidade de R$ 5 mil, o aporte mensal necessário sobe para pelo menos R$ 750,05. Muitas cursos de medicina, por exemplo, têm mensalidade superior a R$ 5 mil, mas a renda extra serviria, pelo menos, de apoio durante os anos de estudo.
Impostos e outros custos
É importante pontuar que, nas simulações, o Tesouro não considera dois custos: Imposto de Renda e taxa de custódia.
O IR tem alíquota que varia conforme o prazo de investimento:
- 15% para investimentos de dois ou mais;
- 17,5% para aplicações entre um e dois anos;
- 20% para aportes de seis meses a um ano;
- 22,5% para investimentos mais curtos, de até seis meses.
Como as simulações consideram aplicações mensais, os investimentos pegam faixas diferentes do IR. Os primeiros aportes ficarão rendendo por mais tempo, portanto, estarão sujeitos à alíquota de 15%. Já os últimos investimentos devem pagar 22,5% de IR.
Outro custo que ainda não está na conta é o da taxa de custódia cobrada pela B3. Ela é isenta para quem carrega os títulos até o vencimento e vai receber, com o dinheiro aplicado, renda mensal de até quatro salários mínimos. Quem passar do teto deve pagar 0,10% de taxa de custódia somente da parte que excede o limite.