O Banco Master tenta ganhar tempo em meio a uma grave crise financeira e à pressão do Banco Central ao acelerar o processo de venda do Will Bank, seu banco digital controlado pelo empresário Daniel Vorcaro. Segundo fontes próximas às negociações, ao menos quatro investidores já demonstraram interesse na aquisição da fintech, que possui cerca de 9 milhões de clientes — principalmente das classes C e D do Nordeste — e encerrou o primeiro semestre com R$ 14,4 bilhões em ativos, prejuízo de R$ 244,7 milhões e patrimônio líquido de cerca de R$ 300 milhões.
Entre os potenciais compradores estão dois fundos de private equity — um brasileiro e um estrangeiro — que iniciaram conversas preliminares para avaliar uma oferta. Outro grupo de investidores também entrou no radar. O BRB (Banco de Brasília), que teve uma proposta de compra de R$ 23 bilhões em ativos do Master barrada pelo BC em setembro, formalizou interesse pelo Will Bank. No entanto, pairam dúvidas sobre a aprovação de uma nova operação envolvendo a instituição estatal. Uma alternativa seria o BRB formar parceria com outros investidores interessados, mas sem experiência bancária.
As negociações acontecem após o vencimento, em 1º de outubro, de uma linha emergencial de cerca de R$ 4,5 bilhões concedida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que busca mitigar o risco de colapso do banco. O fundo tem interesse direto na venda, já que o Will Bank possui cerca de R$ 7 bilhões em CDBs, e sua venda reduziria o passivo a ser coberto em caso de quebra do Master. Apesar de gestores do banco afirmarem que o prazo da linha foi estendido até novembro e que as conversas com reguladores avançam bem, o FGC não confirmou a informação oficialmente.
O movimento de venda de ativos — apelidado de “saldão do Vorcaro” no mercado financeiro — é visto como uma tentativa de evitar uma ação mais dura do Banco Central, como a decretação da liquidação da instituição. Caso isso ocorra, Vorcaro poderá ser impedido de atuar no sistema financeiro. Paralelamente, o Ministério Público Federal conduz uma investigação por possíveis crimes financeiros, e a Polícia Federal abriu um inquérito sigiloso com base em informações repassadas pelo BC.
O processo também envolve a venda de outros ativos do grupo, incluindo precatórios, imóveis e participações. Um dos bens em negociação é um apartamento de alto padrão em São Paulo. Grandes escritórios de advocacia foram acionados para conduzir as operações. O Machado Meyer, por exemplo, deve representar empresas não financeiras interessadas na compra do Will Bank, enquanto Walfrido Warde, especialista em litígios empresariais, foi contratado para assessorar o controlador do Master durante a crise.








