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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve retomar a alta da taxa básica de juros (Selic) na próxima quarta-feira (18), iniciando um ciclo curto de aperto monetário e ajuste gradual. De acordo com economistas ouvidos pela Folha, a expectativa é de que o BC eleve a Selic em 0,25 ponto percentual, passando de 10,5% para 10,75% ao ano.
Apesar da expectativa consensual de que o BC adotará uma postura gradual, há divergências entre analistas sobre qual deveria ser o caminho mais adequado. Alguns acreditam que o Copom deveria ser mais agressivo, com um aumento de 0,5 ponto percentual, enquanto outros defendem a manutenção dos juros no patamar atual, que já é considerado restritivo.
O economista-chefe da XP, Caio Megale, acredita que um ajuste inicial de 0,25 ponto percentual é o mais prudente, dado o cenário de incerteza. "Quando se tem pouca visibilidade e muita incerteza, é melhor começar devagar e ir calibrando ao longo do tempo. Se precisar, acelera o ritmo ou não", afirma. Ele projeta quatro elevações ao longo do ciclo, incluindo uma "acelerada" no meio, com duas altas de 0,50 ponto e outras de 0,25 ponto percentual.
Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter, também espera que o BC adote uma postura mais cautelosa, sem comprometer os próximos passos. Ela acredita que o ciclo de altas será curto, tanto em duração quanto em magnitude, devido ao cenário já restritivo dos juros reais. Apesar da pressão do mercado para uma alta, Vitória considera que a melhor opção seria manter a Selic estável.
Igor Rocha, economista-chefe da Fiesp, questiona o consenso do mercado, argumentando que o prêmio de risco não reflete adequadamente os dados econômicos do país. Mesmo assim, ele acredita que o BC iniciará um "microciclo" de alta de juros, com a Selic alcançando o teto de 12% até 2025.
Tony Volpon, ex-diretor do BC, defende um aumento mais significativo na primeira elevação para reforçar o compromisso com a meta de inflação, especialmente em um momento de transição na liderança do BC. No entanto, ele pondera que os dados mais recentes de inflação, como a deflação de 0,02% registrada em agosto pelo IBGE, impõem limitações políticas a um aumento mais agressivo.
A economista Juliana Inhasz, professora do Insper, também não vê espaço para um ciclo prolongado de alta de juros, citando as mudanças na diretoria do BC. Ela defende um aumento mais substancial na quarta-feira, devido à proximidade da inflação com o teto da meta e à possibilidade de pressões inflacionárias adicionais causadas por questões climáticas.