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Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC) revisaram para cima suas projeções de juros e inflação para os próximos anos, com destaque para um cenário mais pessimista tanto em 2024 quanto em 2025.
Inflação acima da meta
De acordo com o relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira (16) pelo BC, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no país, deve atingir 4,89% em 2024. A projeção é superior aos 4,84% estimados na semana anterior e ultrapassa o teto da meta de inflação para o ano, que é de 4,50%.
A meta central de inflação, definida em 3%, será considerada cumprida se o IPCA oscilar entre 1,5% e 4,5%. Caso esse limite seja ultrapassado, o BC terá de enviar uma carta pública ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando as razões para o descumprimento.
Projeções para os próximos anos
- 2025: A estimativa de inflação subiu de 4,59% para 4,60% na última semana, também superando o teto de 4,5% para o período.
- 2026: A expectativa permanece em 4%.
A partir de 2025, a meta de inflação continuará em 3%, com tolerância para oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Selic e controle inflacionário
O Banco Central ajusta a taxa Selic, principal instrumento para controlar a inflação, com base em projeções futuras, pois os impactos das mudanças nos juros levam de seis a 18 meses para serem plenamente sentidos na economia. Atualmente, a instituição já está calibrando a política monetária com foco na inflação projetada para os 12 meses até meados de 2026.
Impacto dos gastos públicos
O aumento das estimativas de inflação tem sido atribuído, em parte, ao crescimento dos gastos públicos. Em novembro, o governo anunciou medidas para reduzir despesas, como ajustes no salário mínimo, cortes no orçamento da educação, mudanças no abono salarial e nas regras de aposentadoria dos militares.
Entretanto, o pacote ainda depende da aprovação do Congresso e algumas das medidas só começarão a vigorar após um prazo de implementação.
Por que a inflação alta importa?
A inflação elevada corrói o poder de compra da população, especialmente daqueles com salários mais baixos. Isso ocorre porque os preços dos produtos sobem em um ritmo mais rápido do que os reajustes salariais, reduzindo a capacidade de consumo das famílias.
Essa dinâmica reforça a importância de políticas econômicas eficazes para manter a inflação dentro das metas e preservar a estabilidade econômica.