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Os juros reais dos títulos do Tesouro IPCA+ estão próximos dos níveis registrados durante a crise de 2016, marcada pelo impeachment de Dilma Rousseff. Nesta terça-feira (17), a rentabilidade real chegou a 7,80%, impulsionada por desconfiança fiscal e pressões econômicas. Especialistas projetam taxas ainda mais altas no curto prazo, podendo alcançar 8%.
Comparação com 2016
O Tesouro IPCA+ 2035 serve como referência, já que atingiu 7,80% em janeiro de 2016, caindo para uma mínima de 2,89% em 2019. Atualmente, o título está em IPCA + 7,28%, o maior nível de 2024.
Motivos para alta
Segundo analistas, o cenário atual reflete fatores similares aos de 2016:
- Risco fiscal e falta de medidas concretas para conter gastos.
- Inflação e dólar em alta, somados à economia global instável.
- Incertezas políticas, com o pacote fiscal ainda aguardando aprovação no Congresso.
Marcelo Mello, CEO da SulAmérica Investimentos, destaca que sem ajustes fiscais, os juros reais podem ultrapassar os 8%. Gianluca Di Matina, da Hike Capital, prevê uma reversão gradual apenas no segundo semestre, caso haja avanços no equilíbrio fiscal.
Oportunidade para investidores
Apesar do cenário desafiador, especialistas enxergam oportunidades:
- Prefixados: Com taxas de até 15,57% ao ano, são vantajosos para quem busca lucro com venda antecipada via marcação a mercado.
- Tesouro IPCA+: Juros reais superiores a 7% ao ano por 30 anos são raros globalmente, mas podem apresentar volatilidade no curto prazo.
Segundo Jeff Patzlaff, planejador financeiro, investidores com paciência e estômago para suportar oscilações podem obter retornos significativos quando as taxas começarem a cair.
Perspectivas
A queda dos juros não é esperada no curto prazo, mas analistas projetam redução gradual a partir do segundo semestre, dependendo de melhorias fiscais e sinais de desaceleração da inflação.