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Após a divulgação da ata da última reunião do Copom, instituições financeiras revisaram para cima suas previsões para a taxa básica de juros (Selic). O Comitê elevou a Selic em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, mas o tom agressivo da ata e o cenário inflacionário desafiador levaram o mercado a antecipar juros mais altos.
A financeira Asa prevê que a Selic atinja 16,75% em 2025, com um ajuste de 4,5 pontos percentuais em três altas de 1,5 p.p. Para o economista Leonardo Costa, esse choque de juros ajudaria a controlar a inflação e reduzir pressões cambiais. O Citi revisou sua projeção de 13,25% para 15,5% até junho de 2025, com cortes iniciando apenas em 2026, encerrando o ano em 12%. O JP Morgan, por sua vez, ajustou a estimativa para 15,25% em 2025, diante da aceleração esperada no núcleo da inflação no primeiro trimestre.
A revisão ocorre em meio à deterioração do cenário fiscal após o pacote de gastos do governo, que, segundo a ata do Copom, agravou as expectativas de inflação e aumentou o prêmio de risco. A resposta mais dura do Banco Central visa conter as pressões inflacionárias e a desvalorização do real.
Mesmo com intervenções do BC no mercado de câmbio — totalizando US$ 10,7 bilhões —, o dólar segue em alta, atingindo R$ 6,20 nesta terça-feira, a maior cotação intradiária já registrada. Analistas alertam que as preocupações com as contas públicas seguem pressionando a moeda e o cenário econômico.