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A mineradora Vale encerrou 2024 com queda em seus principais indicadores operacionais, registrando um lucro de R$ 31,59 bilhões, o que representa uma redução de 20,9% em comparação ao ano anterior. A receita total da empresa foi de R$ 206 bilhões, apresentando um recuo de 1% em relação a 2023, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingiu R$ 80,1 bilhões, marcando uma retração de 13,5% no mesmo período. Os dados foram divulgados pela companhia no fim da noite de ontem.
Na mesma ocasião, o conselho de administração aprovou a distribuição de dividendos no valor bruto de R$ 2,141847479 por ação, totalizando R$ 9,14 bilhões, com pagamento programado para 7 de março de 2025 aos acionistas da B3 e 10 de março para os detentores de American Depositary Receipts (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York.
A retração nos resultados foi atribuída, principalmente, à desvalorização do preço do minério de ferro, o principal produto da companhia. Em 2024, o preço médio realizado pela Vale foi de US$ 95,30 por tonelada, uma queda de 12% na comparação anual, enquanto no último trimestre do ano a redução foi ainda mais acentuada, chegando a 21%. No segmento de cobre, houve um aumento de 11% no preço médio, atingindo US$ 8,8 mil por tonelada, enquanto o níquel apresentou uma forte queda de 22%, sendo negociado a US$ 17 mil por tonelada.
Mesmo com os desafios enfrentados, o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, destacou o desempenho operacional da companhia, ressaltando o aumento na produção de minério de ferro, que atingiu o maior patamar desde 2018, além do recorde na produção de cobre na unidade de Salobo, no Pará. Ele também enfatizou os avanços na eficiência e redução de custos, com o custo C1 – que mede despesas da mina até o porto – atingindo US$ 18,8 por tonelada no último trimestre, o menor nível desde 2022.
Apesar dos avanços operacionais, a Vale encerrou o quarto trimestre de 2024 com um prejuízo de R$ 4,67 bilhões, contrastando com o lucro de R$ 11,98 bilhões registrado no mesmo período do ano anterior. A mineradora atribuiu esse resultado à revisão de ativos no Canadá, incluindo perdas de US$ 1,4 bilhão nas operações de Thompson e US$ 540 milhões no projeto da mina de Voisey’s Bay, ambos pertencentes à subsidiária Vale Base Metals (VBM). O Ebitda da companhia entre outubro e dezembro foi de R$ 22,2 bilhões, uma queda de 30,2% na comparação anual, enquanto a receita líquida no período somou R$ 59,4 bilhões, apresentando um recuo de 7,9%.
Em relação às negociações com o governo, a Vale destacou que, em dezembro de 2024, finalizou um acordo sobre a renegociação dos contratos de concessão ferroviária, o que resultou no reconhecimento de uma provisão adicional de R$ 1,6 bilhão (US$ 256 milhões). Além disso, a empresa realizou um pagamento antecipado de R$ 4 bilhões (US$ 656 milhões) associado às concessões ferroviárias.
No que diz respeito ao endividamento, a mineradora encerrou 2024 com uma dívida líquida expandida de US$ 16,4 bilhões, registrando um aumento de 2% em relação ao ano anterior. Esse montante inclui compromissos previamente estabelecidos, como as obrigações de reparação pelos desastres de Mariana e Brumadinho. A companhia afirmou que a geração negativa de fluxo de caixa no último trimestre foi compensada pelos ajustes cambiais nas provisões relacionadas a Brumadinho e Samarco. A meta da Vale para a dívida líquida expandida permanece entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões.