Fed pode não cortar juros em 2025, analisa mercado
Os contratos futuros de Fed funds, compilados pelo CME Group, mostram que o mercado está cético quanto à continuidade da flexibilização monetária

O Federal Reserve (Fed) enfrenta um cenário cada vez mais restritivo para reduzir os juros em 2025, em meio a um mercado de trabalho aquecido e sinais de desancoragem das expectativas de inflação nos Estados Unidos. Dados recentes, como o relatório de empregos de dezembro e a pesquisa da Universidade de Michigan, indicam que as condições econômicas permanecem resilientes, dificultando cortes significativos nas taxas.

Os contratos futuros de Fed funds, compilados pelo CME Group, mostram que o mercado está cético quanto à continuidade da flexibilização monetária. Um primeiro corte de 0,25 ponto percentual é considerado provável apenas em junho, enquanto as chances de uma segunda redução até o final do ano são de apenas 31%. As taxas dos Treasuries de 20 e 30 anos seguem próximas a 5%, atingindo máximas de 14 meses, o que reflete a expectativa de juros elevados por mais tempo.

Aditya Bhave, economista do Bank of America, afirma que o ciclo de cortes de juros chegou ao fim, com a projeção de uma pausa prolongada ao longo de 2025. Segundo ele, os riscos para o próximo movimento estão inclinados para uma possível alta, especialmente se as expectativas de inflação de longo prazo ou o deflator de gastos com consumo (PCE) anual excederem 3%. A pesquisa da Universidade de Michigan, que mede as expectativas dos consumidores, revelou um aumento na projeção inflacionária de 12 meses, de 2,8% para 3,3%, e de cinco anos, de 3,0% para 3,3%, aumentando a cautela do Fed.

Enquanto isso, o Citi adota uma visão mais otimista, esperando um total de cinco cortes nos juros ao longo do ano, começando em maio. Em contrapartida, o Deutsche Bank e o Barclays seguem uma linha mais conservadora, prevendo uma pausa prolongada nas taxas, com o Barclays antecipando apenas um corte em junho e novas reduções somente em 2026. Economistas do Deutsche Bank destacam que o crescimento econômico robusto, o mercado de trabalho resiliente e a inflação elevada limitam o espaço para cortes no curto prazo.

O relatório de empregos de dezembro surpreendeu com uma criação de vagas acima do esperado, enquanto a pesquisa da Universidade de Michigan apontou que os consumidores esperam preços mais altos, possivelmente devido à antecipação de tarifas comerciais e aumento nos custos de bens duráveis. Além disso, a inflação implícita de dez anos, extraída dos títulos públicos, subiu para 2,43%, o maior nível desde abril, indicando um ajuste nas expectativas de longo prazo.

Economistas do Barclays avaliam que o Fed deve manter uma política mais restritiva com uma pausa prolongada no ciclo de cortes. Apesar do fluxo recente de dados, incluindo o fortalecimento do mercado de trabalho e o aumento das expectativas de inflação, a abordagem mais conservadora do Fed parece sustentada por essas condições. Com isso, o cenário mais provável para 2025 é de estabilidade nas taxas, enquanto o mercado e o banco central aguardam sinais mais claros para justificar novos ajustes. A pausa prolongada no ciclo de flexibilização reflete a complexidade do atual cenário econômico e os desafios de equilibrar crescimento, inflação e condições financeiras.

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