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O indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou uma queda pelo terceiro mês consecutivo em fevereiro. Divulgado nesta terça-feira (20) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o índice encerrou o mês com 105,7 pontos, representando uma diminuição de 0,5% em relação ao mês anterior. Vale destacar que um número acima de 100 pontos indica uma percepção geral de satisfação com as condições econômicas.
Apesar da redução observada de janeiro para fevereiro, é importante ressaltar que o índice alcançado é 10,4% superior ao registrado em fevereiro do ano passado, marcando o melhor desempenho para o período desde 2015.
Segundo a CNC, a queda na comparação entre os meses é atribuída ao fato de que as famílias estão mais focadas em pagar dívidas e reduzir seu endividamento do que em realizar novas aquisições.
No relatório, o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, explica que "apesar das taxas de juros mais favoráveis, o saldo da carteira de crédito das pessoas físicas está desacelerando em relação aos resultados do ano passado, o que indica uma menor demanda por esses recursos". Para o economista, a diminuição da inadimplência sugere que as famílias estão aproveitando o crédito mais acessível para ajustar seus orçamentos, ao invés de aumentar suas dívidas por meio do consumo desenfreado.
A CNC considera que a priorização da redução do endividamento em detrimento do consumo adicional não é um aspecto negativo, mas sim um reflexo da maior conscientização das famílias brasileiras em relação às suas finanças.
"O foco das famílias brasileiras na gestão financeira tem se refletido no mercado de crédito e, apesar de desacelerar o consumo, a intenção de compra permanece mais positiva do que em anos anteriores", destaca o texto. A pesquisa é conduzida em todo o país, com uma amostra de 18 mil consumidores, e avalia sete indicadores: três relacionados às condições atuais (emprego, renda e nível de consumo), dois sobre expectativas para os próximos três meses (perspectiva de consumo e profissional), além da avaliação do acesso ao crédito e do momento atual para aquisição de bens duráveis.
Em fevereiro, o único indicador que apresentou aumento na percepção foi o da renda atual. A pesquisa aponta que a inflação controlada contribuiu para elevar a renda real das famílias, proporcionando maior poder de compra aos consumidores e impulsionando o comércio. Além disso, o texto ressalta que "o crescimento contínuo do número de empregados também influenciou o aumento da renda total, disponibilizando mais recursos para o consumo". A redução na intenção de consumir em fevereiro foi mais significativa entre as famílias com renda inferior a dez salários mínimos (até R$ 14.120), com uma queda de 0,6%. Para os grupos familiares com renda superior a dez salários mínimos, a redução foi de 0,1%.
"As famílias com menor renda, devido ao maior endividamento, estão priorizando o ajuste de seus orçamentos, enquanto aquelas com rendimentos mais elevados já vislumbram uma melhora no consumo futuro", analisa a CNC.