CVM deve avaliar denúncias do Itaú contra ex-CFO e especialista em contabilidade
A apuração do caso e seus desdobramentos poderão influenciar a percepção de investidores sobre a governança corporativa do Itaú

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está prestes a iniciar um processo administrativo para apurar denúncias feitas pelo Itaú Unibanco contra Alexsandro Broedel, ex-diretor financeiro do banco, e Eliseu Martins, um dos mais renomados especialistas em contabilidade do Brasil. O caso, que envolve suspeitas de irregularidades financeiras, pode ter desdobramentos significativos no mercado de capitais.

Reunião com a CVM e movimentos no mercado

Na última sexta-feira (6), representantes do Itaú se reuniram com a área técnica da CVM para discutir o caso e alertar sobre possíveis impactos no mercado. Como o Itaú é uma companhia aberta, a expectativa é que a CVM acelere a abertura do processo administrativo, possivelmente já nos próximos dias.

Nesta etapa inicial, conhecida como instrução, a CVM deverá ouvir representantes do banco, requisitar documentos internos e, eventualmente, acessar informações do processo judicial em andamento. Caso sejam encontrados indícios consistentes, um processo administrativo sancionador será instaurado para investigar e julgar possíveis infrações às normas do mercado de valores mobiliários.

Denúncias e procedimentos

As denúncias do Itaú incluem suspeitas de que o ex-CFO teria se beneficiado financeiramente por meio de contratos firmados com a empresa de Eliseu Martins. Segundo a investigação, pareceres emitidos pela empresa de Martins estariam ligados a uma estrutura financeira que retornaria parte dos valores ao ex-diretor. O banco afirma que transferências de recursos entre os envolvidos configurariam uma engenharia financeira suspeita.

Em uma assembleia de acionistas realizada na quinta-feira (5), o Itaú decidiu pedir a anulação da aprovação de contas do ex-diretor, além de solicitar sua responsabilização, juntamente com Martins, nas esferas administrativa e judicial.

Possíveis consequências e outras investigações

Advogados especializados em direito societário avaliam que o caso pode avançar rapidamente, dado que o Itaú já realizou apurações internas, acionou a Justiça e convocou assembleias. A CVM, por sua vez, pode agir de ofício para investigar infrações, independentemente de provocação das partes.

Além disso, o Banco Central já foi notificado pelo Itaú em três ocasiões desde o início das investigações e deverá abrir seu próprio procedimento administrativo. O caso pode ainda ser levado à esfera criminal pelo Ministério Público Federal, com possíveis acusações de gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Posição da CVM e do Itaú

Procurada, a CVM afirmou que monitora e analisa informações sobre companhias abertas, tomando as medidas necessárias, mas não comenta casos específicos. O Itaú também não se pronunciou sobre o caso além das informações apresentadas em assembleia e à Justiça.

Impacto no mercado de capitais

A apuração do caso e seus desdobramentos poderão influenciar a percepção de investidores sobre a governança corporativa do Itaú, além de trazer reflexões sobre a atuação de executivos e consultores no mercado. Este episódio reforça a importância da transparência e da conformidade em grandes corporações, especialmente em companhias de capital aberto.

O desenrolar das investigações pela CVM, Banco Central e Ministério Público será determinante para definir os próximos passos e as possíveis penalidades aos envolvidos.

redacao
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