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As taxas dos DIs de curto prazo encerraram a sexta-feira próximas da estabilidade, precificando alta de 25 pontos-base da Selic na semana que vem, enquanto as taxas longas caíram acompanhando o recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, em meio ao aumento das apostas de que o Federal Reserve poderá cortar juros em 50 pontos-base na próxima quarta-feira, e não em 25 pontos-base.
No fim da tarde a taxa do DI para outubro de 2024 — um dos mais líquidos atualmente, refletindo apostas para o Copom deste mês — estava em 10,584%, ante 10,571% do ajuste anterior.
A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,96%, ante 10,958% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,805%, ante 11,846%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,87%, ante 11,943%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,84%, ante 11,915%.
No início da sessão o Banco Central informou que seu Índice de Atividade (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), recuou 0,4% em julho ante junho, em dado dessazonalizado. O resultado marcou uma forte perda de força em relação ao avanço de 1,4% de junho, mas ainda assim foi melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters, de queda de 0,9%, dando continuidade às leituras recentes acima das expectativas.
Após os dados as taxas dos DIs marcaram as máximas do dia, refletindo a percepção de que a economia segue aquecida no Brasil, o que pressiona a inflação. Às 9h06, a taxa do DI para janeiro de 2025 atingiu a máxima de 10,97%, em alta de 1 ponto-base ante o ajuste anterior. No mesmo horário, a taxa do DI para janeiro de 2026 atingiu o pico de 11,89%, em alta de 4 pontos-base, e o DI para janeiro de 2031 marcou 11,97%, em alta de 3 pontos-base.
Mas o principal condutor da renda fixa no dia foi o exterior, com os rendimentos dos Treasuries emplacando quedas firmes em meio ao aumento das apostas de que o Fed pode cortar os juros em 50 pontos-base na próxima semana, e não apenas em 25 pontos-base.
O movimento foi motivado por comentários do ex-presidente do Fed de Nova York Bill Dudley defendendo que há um forte argumento a favor de um corte de 50 pontos, já que os juros nos EUA estão atualmente de 150 a 200 pontos acima da chamada taxa neutra para a economia.
Além disso, os jornais The Wall Street Journal e Financial Times publicaram artigos indicando que a decisão do Fed na próxima semana está mais incerta do que os mercados têm projetado.
Neste contexto, os yields tiveram perdas firmes nesta sexta-feira, puxando para baixo as taxas dos DIs com prazos mais longos no Brasil. Às 13h25, a taxa do DI para janeiro de 2031 atingiu 11,84%, em queda de 10 pontos-base ante o ajuste da véspera.
“A ponta curta (da curva brasileira) ficou praticamente no zero a zero, porque as apostas (para a Selic) já foram feitas. Os dados recentes de inflação no Brasil e nos EUA ajudaram bastante a balizar as expectativas para a ‘super-quarta’”, comentou durante a tarde Santiago Schmitt, especialista em renda fixa da Manchester Investimentos, em referência à próxima quarta-feira, quando Fed e Banco Central do Brasil definirão suas taxas básicas.
“Mas na parte mais longa, vimos a influência lá de fora. Os rendimentos dos Treasuries estavam em queda, com investidores com apetite por risco. Na prática, eles já contrataram o corte de 25 pontos pelo Fed, mas ainda sonham com os 50 pontos”, acrescentou.
Na reta final da sessão as taxas longas reduziram um pouco as perdas, mas o saldo do dia ainda foi de desinclinação da curva brasileira, com as curtas estáveis ou em leve alta e as longas em queda firme.
Perto do fechamento a curva brasileira precificava 88% de probabilidade de alta de 25 pontos-base da Selic e 12% de chance de aumento de 50 pontos-base. Na quinta-feira os percentuais estavam em 89% e 11%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 10,50% ao ano.
No exterior, o movimento desta sexta-feira dividiu o mercado praticamente meio a meio quanto à ação do Fed na próxima semana, conforme a ferramenta CME FedWatch: 49% das apostas estão em corte de 50 pontos-base e 51% delas estão na redução de 25 pontos-base dos juros.
Às 16h32, o rendimento do Treasury de dois anos–que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo– tinha queda de 7 pontos-base, a 3,578%. Já o retorno do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 2 pontos-base, a 3,655%.
(Reuters)