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Os investimentos das pessoas físicas em títulos isentos de imposto de renda cresceram 9,1% nos primeiros quatro meses deste ano em relação ao fechamento de 2023 e chegaram a R$ 1,12 trilhão, mostram dados da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). A alta ocorreu mesmo após a publicação das resoluções do CMN (Conselho Monetário Nacional) que alteraram as regras para emissão de títulos de crédito imobiliário e do agronegócio, em fevereiro deste ano.
O montante equivale a 16,5% dos R$ 6,8 trilhões investidos pelos brasileiros entre janeiro e abril deste ano. Em dezembro de 2023, a fatia de isentos representava 15,9% (R$ 1,03 trilhão) do total de R$ 6,5 trilhões investidos.
“A Selic deve ficar no patamar atual até o final do ano, mantendo benéfico o cenário para os títulos de renda fixa. Além disso, as alterações no regime de tributação dos fundos exclusivos contribuem para a procura por produto de renda fixa com o benefício fiscal. Neste contexto, a demanda por isentos, que já vinha forte desde o ano passado, continua, com os investidores optando por ativos que alinhem rentabilidade, liquidez e segurança”, afirma Ademir A. Correa Júnior, presidente do Fórum de Distribuição da ANBIMA.
Puxados pelo varejo, os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) registraram crescimentos de 20,4% e 20%, para R$ 75,2 bilhões e R$ 111,5 bilhões, respectivamente. Na comparação com o fechamento do ano passado, as aplicações dos investidores do varejo nos dois produtos subiram 31,3%, para R$ 40,3 bilhões, e 30%, totalizando R$ 68,4 bilhões, nesta ordem.
“O resultado mostra uma tendência maior para a diversificação dos portfólios. Nem mesmo a mudança nas regras para emissão desses produtos reduziu o apetite dos investidores, sobretudo os do varejo”, pontua Correa Júnior.
No private, o investimento em CRAs cresceu 6,7%, para R$ 43 bilhões, enquanto as aplicações em CRIs avançaram 9,7%, para R$ 34,9 bilhões.
Outros produtos isentos
Considerando o private e o varejo, os investimentos em LCIs(Letras de Crédito Imobiliário) tiveram alta de 12,9%, alcançando R$ 322,5 bilhões nos quatro primeiros meses na comparação com o fechamento de 2023. As LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e as LIGs (Letras Imobiliárias Garantidas) cresceram mais timidamente: 3,7%, para R$ 429 bilhões, e 2,7%, para R$ 111,8 bilhões, nesta ordem. As debêntures incentivadas, que não foram afetadas pelas mudanças anunciadas pelo CMN, avançaram 10,7% entre janeiro e abril, totalizando R$ 72,7 bilhões.