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O Itaú BBA acaba de iniciar a cobertura ESG de ações, com a recomendação de dez companhias listadas na B3. São elas: Engie, CPFL Energia, Localiza, Banco do Brasil, Rumo, Totvs, 3tentos, Lojas Renner, B3 e Cosan – cada uma com peso de 10% no portfólio teórico sugerido aos clientes investidores.
O relatório de análise, com o título “Brazil ESG Strategy – Great for portfolios. Even better for humans”, traz em suas 72 páginas um arrazoado da importância e benefícios da integração de fatores ESG à análise e gestão de investimentos.
A abordagem do banco é fazer um ‘screening positivo’ (filtro positivo) dos papéis, segundo critérios ESG. Ou seja, selecionando aquelas melhor avaliadas ou que estejam demonstrando clara progressão na agenda.
O ponto partida é o rating ESG da provedora de dados MSCI e são filtradas as companhias com notas ‘A’, ‘AA’ e ‘AAA’ – exceção feita, por exemplo, se determinado setor não conta com companhias de rating ‘A+’ ou se determinada empresa demonstra uma tendência clara de melhora. Futuramente o banco pretende substituir o provedor externo por uma metodologia proprietária de classificação.
Depois desse filtro ESG, a equipe faz uma análise financeira tradicional das companhias para chegar à lista de recomendações.
Cardápio variado
No portfólio inicialmente recomendado aos clientes do banco, os setores abrangidos foram: agronegócio, bancos, óleo e gás, varejo, mercado financeiro, tecnologia, utilities e transportes.
Todos os papéis têm peso igual. Seis das companhias têm rating ‘AAA’ pela MSCI, e as outras quatro, ‘AA’.
O relatório faz uma análise de pontos fortes e fracos de cada uma das selecionadas.
No caso da Engie, por exemplo, o Itaú destaca o “ótimo desempenho” da companhia na área ambiental e destaca o comprometimento com a redução de emissões de gases de efeito estufa. A estratégia, como se sabe, tem passado pelo aumento do portfólio de geração renovável e venda das usinas a carvão.
Mas vê espaço para melhorias em termos de governança, visto que a companhia ainda tem uma presença pequena de mulheres em seus conselhos e não divulga individualmente a remuneração de seus executivos.
No caso do Banco do Brasil, o Itaú BBA destaca que o banco público é signatário dos Princípios do Equador e, por conta disso, avalia os riscos ESG das operações de financiamento de empresas e projetos. Como aspecto a ser melhorado, os analistas apontam que o BB precisa dar mais transparência ao papel das metas ESG na remuneração dos executivos. Eles também pontuam o fato de o CEO do banco ter assento no conselho de administração, o que destoa das melhores práticas de governança.
Na Lojas Renner, os analistas destacam o uso de matéria-prima certificada para algodão e fibra de celulose e também o fato de a remuneração da diretoria estar vinculada às métricas ESG.
Ainda assim, como pontos a melhorar, o Itaú BBA cita que a companhia apresenta divulgações limitadas sobre a conversão das métricas ESG como critério de remuneração variável.
(Ítalo Bertão Filho)