Pagamentos por aproximação: especialista em tecnologia financeira explica prós e contras
Levantamento do Banco Central mostra que as transações via cartão de crédito por aproximação cresceram de 23,1% para 31,1% no último trimestre

O setor financeiro brasileiro está sempre à frente das tendências internacionais, principalmente quando o assunto é método de pagamento. Nos últimos anos, as pessoas foram apresentadas e logo adotaram o pagamento por aproximação, utilizando o cartão, seja ele crédito ou débito, ou aparelhos eletrônicos que tenham seus dados bancários cadastrados. Levantamento do Banco Central mostra que as transações via cartão de crédito por aproximação cresceram de 23,1% para 31,1% no último trimestre de 2023 quando comparado com o mesmo período do ano anterior. Já na função débito o crescimento foi de 24,4% para 35,2%.

Recentemente o Banco Central anunciou o pagamento via pix por aproximação e a fase de teste começa ainda este ano, em novembro. A novidade deve chegar a toda a população em fevereiro de 2025. Especialista em tecnologia e solução para o setor financeiro, Renan Basso, co-fundador e diretor da MB Labs, acredita que a evolução do setor é necessária, mas é preciso ter cautela. “Os brasileiros costumam abraçar as novidades que envolvem tecnologia, especialmente nas formas de pagamento, mas é preciso entender as questões de segurança e como se proteger de possíveis novos golpes”. Pensando nisso, o executivo listou alguns prós e contras das principais formas de pagar utilizadas no país e até uma tendência internacional.

Pix por aproximação 

O Banco Central prepara mais uma novidade tendo o Pix como protagonista. O método de pagamento que revolucionou o sistema financeiro brasileiro ganha uma nova funcionalidade, com o pagamento podendo ser concretizado por aproximação.

“O BC segue modernizando o Pix e atendendo as demandas e tendências do setor. É importante mantê-lo próximo da população e atender a todas as gerações. Esse é um ponto bastante positivo”, comenta o especialista. “Seguindo a proposta central do pagamento instantâneo, a nova modalidade é fácil, intuitiva e mais fluida. Não será necessário abrir o aplicativo da instituição financeira para pagar, o cliente só vai precisar cadastrar suas informações da conta do banco em uma carteira digital.”

Basso acredita que a tendência é que o público utilize cada vez mais o Pix em relação à função débito. Tal comportamento pode trazer melhorias para a economia do varejo, podendo resultar em mais descontos.

Aproximação via cartão

“Por ser mais democrático e conhecido, acaba sendo o mais utilizado pela população. Além disso, algumas gerações sentem mais confiança ao utilizar um cartão, mesmo que por aproximação, para efetuar pagamentos”, comenta Basso.

O cartão foi o pioneiro da modalidade, conquistando a população com a facilidade e agilidade proposta. Por mais que as instituições limitem valores para pagamento sem a senha, por questões de segurança, é importante que fiquem atentas aos golpes e mantenham os cartões seguros. “Frequentemente, vemos as notícias de bandidos clonando cartões com maquininhas falsas ou aproximando um dispositivo de pagamento do cartão sem o consentimento. Por isso, é preciso redobrar a atenção e o cuidado com o cartão com contactless disponível”.

Aproximação via celular ou relógio digital

A modalidade de pagamento por contato que está em crescimento. Segundo o Banco Central, a utilização de telefones celulares sendo utilizado como canal de pagamento cresceu em 2023, representando 82% da quantidade transacionada no período.

“Essa forma de pagar cresce a cada ano pela facilidade e modernidade. Muitas vezes as pessoas não estão com o cartão físico, mas sempre estão com o celular em mãos, além de ter ficado bastante popular entre o público mais jovem”. Quando o fator segurança vira pauta, essa é uma das modalidades mais vulneráveis já que os roubos e furtos de celulares estão cada vez mais em alta. “Dependendo dos fatores de segurança do celular e do aplicativo bancário, o cliente pode ficar muito exposto”.

Aproximação da palma da mão

Recentemente, um vídeo nas redes sociais mostrou que na China já é possível pagar utilizando a palma da mão. A ferramenta desenvolvida pela Tencent, responsável pelo WeChat, usa câmeras infravermelhas para analisar a biometria e as veias da mão de cada usuário. Para utilizar a aproximação da mão como forma de pagamento, basta cadastrar um cartão e ter uma conta ativa no WeChat Pay. “Esse é um exemplo de tendência do setor que pode chegar por aqui antes do que se imagina”.

Outro método de pagamento que vem ganhando espaço é por meio de reconhecimento facial, o “pay face”. “Esse método leva cada vez mais segurança e agilidade para as transações”, diz o especialista. O relatório “O Futuro dos Pagamentos", feito pela Mastercard, mostra que o mercado global de pagamentos por biometria deve crescer 62% até 2030. Já dados da Juniper Research apontam que os pagamentos realizados por essa modalidade devem somar o valor de US$1,2 trilhão até 2027.

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