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A economia do Brasil registrou no primeiro trimestre de 2024 um avanço de 0,8% em relação ao trimestre anterior, em linha com a projeção dos economistas de mercado, apontando retomada do crescimento após dois trimestres de estagnação. O dado do Produto Interno Bruto (PIB) sem surpresa acima das expectativas minimiza, no primeiro momento, o tom duro do Comitê de Política Monetária (Copom) na definição da taxa de juros.
Mas as armadilhas estão nos detalhes. Um dos componentes que impulsionou a atividade econômica no período foi o setor de serviços no lado da produção, com alta de 1,4% ante os últimos 3 meses de 2023, puxado pelo avanço de 3% no comércio.
Esse é o resultado de um mercado de trabalho aquecido com uma massa salarial na máxima histórica, além de melhores condições de crédito em meio à queda da taxa Selic e após o programa de renegociação de dívidas de inadimplentes. Embora os gastos do governo tenham se estabilizado nos três primeiros meses do ano (0%) ante o trimestre anterior, uma política fiscal expansionista em 2023 também contribuiu para o resultado, especialmente com a política de valorização real do salário mínimo e o pagamento de precatórios. Os gastos do governo subiram 2,6% entre janeiro e março deste ano ante o mesmo período do ano passado.
Na ata da última reunião do Copom, um dos pontos de atenção do colegiado é se o mercado de trabalho aquecido com um aumento de consumo possa impactar na inflação. No documento, foi mencionado que ainda não há evidência desse efeito. Mas, os números do PIB mostram o impacto na atividade econômica.
Por outro lado, a dinâmica dos investimentos pode apontar uma tendência benigna para a trajetória inflacionária. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador de investimentos, apresentou uma alta de 4,1% ante o trimestre anterior e de 2,7% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, impulsionado pelo aumento da importação de bens de capital e pelo desenvolvimento de sistemas. Isso pode ser um sinal de aumento da capacidade de produção da economia brasileira nos próximos trimestres, mesmo com uma queda de 0,1% na indústria e uma queda de -2,7% da FBCF no acumulado dos últimos 4 trimestres em relação ao somatório dos 4 trimestres anteriores, o que fez a taxa de investimento recuar de 17,1% registado no 1º trimestre de 2023 para 16,9% do PIB.
(Leandro Manzoni )