Apesar da crescente concorrência de ativos de renda fixa, Érica Souza, da Vinci Partners, acredita que os fundos imobiliários ainda são atrativos

O mercado de fundos imobiliários vinha em alta, registrando cinco meses consecutivos de ganhos, impulsionado pelo ciclo de cortes na taxa Selic. No entanto, em abril, o segmento opera em queda, devido ao aumento dos juros longos e à consequente abertura da curva de juros.

Thiago Otuki, economista do Clube FII, explica que essa abertura da curva afeta especialmente os fundos de "tijolo". "Isso impacta o preço das cotas, pelo menos no curto prazo", afirmou. A maior rentabilidade dos títulos públicos, com algumas emissões prefixadas chegando a quase 12% ao ano, pode levar investidores a buscar ativos mais seguros, como o Tesouro Direto, prejudicando a demanda por fundos imobiliários.

Apesar da crescente concorrência de ativos de renda fixa, Érica Souza, da Vinci Partners, acredita que os fundos imobiliários ainda são atrativos. "É um solavanco no meio do caminho", disse a gestora. “O mercado imobiliário no Brasil sempre conviveu com taxas elevadas”, observou. A expectativa é que o ciclo de cortes da Selic continue a oferecer suporte ao segmento, mesmo diante de flutuações de mercado.

Fábio Idoeta, diretor de relações com investidores da Sequóia Properties, reconhece que a instabilidade fiscal e a ameaça inflacionária podem pressionar a curva de juros, reduzindo o espaço para cortes na Selic. No entanto, ele não acredita que isso vá interromper a alta dos fundos imobiliários. "Espero uma desaceleração, mas não uma inversão de tendência", declarou.

O desempenho do índice Ifix, que acompanha os FIIs mais negociados na Bolsa, reflete a situação do setor. Em 12 meses, o índice registrou uma valorização de 20,71%, e no ano sobe 2,4%, superando o Ibovespa, que caiu quase 7% no mesmo período. No entanto, em abril, o Ifix teve uma queda de quase 1%.

Marcos Baroni, head de pesquisa em FIIs da Suno, destaca que a maior aversão ao risco pode aumentar a volatilidade dos fundos imobiliários, mas aconselha os investidores a manter uma visão de longo prazo. "O investidor deve considerar a capacidade dos dividendos em vez de focar apenas no preço das cotas", disse Baroni, recomendando uma estratégia diversificada que mantenha o foco no objetivo inicial de investimento.

O último Boletim Focus, do Banco Central, mostra que as expectativas para a Selic no final de 2024 aumentaram de 9% para 9,13%, sugerindo uma possível desaceleração no ritmo de cortes da taxa básica de juros. Para 2025, a projeção é de uma Selic em 8,25%. A incerteza nas projeções destaca a importância de estratégias de investimento bem estruturadas e uma visão de longo prazo para investidores em fundos imobiliários.

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