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A XP Investimentos avalia que a economia global enfrenta um cenário de incertezas, com os EUA sob risco de estagflação nos próximos meses. O economista-chefe da XP, Caio Megale, atribui o novo ambiente à escalada tarifária iniciada pela gestão Trump, que deve afetar o crescimento e exigir respostas coordenadas do Federal Reserve e do Congresso norte-americano. A valorização de moedas emergentes e a queda do petróleo reforçam esse novo ciclo econômico.
Para o Brasil, esse cenário externo deve aliviar parte da inflação importada, reduzindo a pressão sobre a Selic. A XP prevê apenas mais uma alta de 0,25 ponto percentual, encerrando o ciclo em 15%. No entanto, a inflação interna segue resistente, impulsionada pelo consumo aquecido, programas sociais e um mercado de trabalho forte — com taxa de desemprego em 6,5% e alta de 7,5% na massa de renda real em 12 meses.
A XP projeta um IPCA de 5,7% em 2025 e 4,7% em 2026, ainda acima da meta. O PIB deve crescer 2,3% em 2025 e 1,5% em 2026, sustentado por estímulos como o FGTS, o Minha Casa Minha Vida e o novo Crédito do Trabalhador. No cenário externo, o Brasil é visto como um dos países mais bem posicionados para ocupar espaço na cadeia global de alimentos, especialmente com a China.
O câmbio segue volátil. O real acumula valorização de 8,5% no ano, mas a XP projeta uma taxa de R$ 5,80 por dólar no fim de 2024, influenciada por fatores fiscais e queda nas commodities. Para 2026, a previsão é de R$ 6,10, com destaque para o impacto das eleições.
No setor externo, o superávit da balança comercial foi revisado para US$ 57,5 bilhões neste ano, e o déficit em transações correntes deve atingir US$ 73,4 bilhões em 2025. Ainda assim, o Investimento Direto no País deve compensar parte do rombo, com previsão de US$ 70 bilhões neste ano e US$ 65 bilhões em 2026.
A dívida bruta pode chegar a 84% do PIB em 2026. A XP vê fragilidade no arcabouço fiscal, com alta dependência de receitas extraordinárias. No campo político, o governo tenta aprovar medidas econômicas e recuperar imagem, com foco em crédito para trabalhadores, ampliação de subsídios e reforma do imposto de renda. O próximo relatório bimestral deve sinalizar esforço de controle dos gastos públicos.