Os grandes bancos brasileiros apresentaram desempenhos distintos no terceiro trimestre: o Itaú Unibanco renovou recordes, enquanto o Banco do Brasil enfrentou pressões no agronegócio e Bradesco e Santander seguem em recuperação. Em comum, as instituições registraram desaceleração do crédito, aumento das provisões para perdas e maior cautela em relação a 2026, diante de atividade enfraquecida, incertezas eleitorais e expectativa de queda da Selic no início do próximo ano.
O lucro líquido combinado dos quatro bancos somou R$ 25,875 bilhões, queda de 11% em relação ao mesmo período de 2024. A carteira de crédito expandida chegou a R$ 4,403 trilhões, com alta de 7,1% em 12 meses, mas ritmo mais fraco. Itaú, Bradesco e BB reduziram a velocidade de crescimento das operações, enquanto o Santander deu sinais de retomada.
Em paralelo, o custo do crédito avançou: as provisões para devedores duvidosos aumentaram 31,6%, influenciadas tanto por mudanças contábeis que ampliaram a exigência de provisões com base em perdas esperadas quanto pelo aumento real do risco, exigindo reforço nos colchões contra inadimplência.
O cenário para 2026 foi descrito como incerto pelos executivos dos bancos.
O CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, afirmou que anos eleitorais exigem cautela, embora a instituição esteja bem posicionada para navegar diferentes cenários e buscar crescimento em segmentos considerados resilientes. Já o Santander planeja expandir algumas linhas e desacelerar outras, mantendo uma política conservadora diante das condições macroeconômicas.
Apesar das divergências entre as instituições, o setor como um todo reconhece que o ciclo de crédito perdeu força com a Selic elevada e a atividade mais fraca, mesmo com expectativas de alívio gradual a partir do próximo ano. (Com Valor Econômico)
