Fazenda prepara bloqueio e contingenciamento para proteger política fiscal, diz Dario Durigan
Dario Durigan diz que números serão fechados no fim de semana e divulgado no dia 22 de maio

O governo federal deve anunciar na próxima semana um novo bloqueio de recursos e um contingenciamento orçamentário, como parte das medidas para manter a estabilidade fiscal. A informação foi confirmada pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast, durante evento da Brazil Week em Nova York.

Segundo Durigan, os valores ainda estão em definição, mas a medida será detalhada no primeiro relatório bimestral de receitas e despesas, previsto para o dia 22 de maio. “Vamos fazer ambos, bloqueio e contingenciamento, na medida do necessário. Isso sinaliza que o manejo da execução orçamentária será sem sobressaltos para o mercado”, afirmou o secretário.

Durigan reiterou que o foco é preservar a credibilidade da política econômica, mesmo em um ambiente de restrições orçamentárias.

Um dos pontos em debate é o espaço adicional de R$ 12 bilhões no Orçamento de 2025, autorizado por conta da diferença entre a inflação estimada em agosto do ano passado e a inflação efetiva registrada ao fim de 2024. Com o índice final acima da projeção inicial, o novo arcabouço fiscal permite um aumento proporcional no limite de gastos. No entanto, o uso desse espaço depende da convergência entre arrecadação e despesas com a meta de resultado primário. “Só posso abrir esses R$ 12 bilhões se receita e despesa estiverem alinhadas com o centro da meta”, explicou.

Durante sua participação no evento, Durigan destacou a melhora da percepção internacional sobre o Brasil, impulsionada por avanços fiscais, revisões de gastos e a expectativa de uma transição tranquila no comando do Banco Central. Ainda assim, ele reconheceu que a revisão orçamentária ficou aquém do ideal, devido à complexidade política para aprová-la no Congresso.

Entre os principais temas de interesse dos investidores estrangeiros, segundo o secretário, estão a trajetória da dívida pública brasileira e o cenário político de 2026, ano da próxima eleição presidencial. Em Nova York, representantes da agência Moody’s se reuniram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir as perspectivas econômicas do país. Embora nenhuma mudança na nota de crédito tenha sido sinalizada, Durigan criticou o ceticismo do mercado diante da última revisão positiva da Moody’s, que elevou o rating do Brasil de Ba2 para Ba1, um degrau abaixo do grau de investimento. “Não tivemos nenhuma perspectiva negativa. O mercado reagiu mal a uma decisão técnica de uma agência de risco. Isso é estranho”, afirmou.

Durigan também levou aos Estados Unidos uma mensagem de confiança, apresentando o Brasil como um possível porto seguro em meio às incertezas globais, especialmente diante das políticas protecionistas do governo de Donald Trump. O tripé social, ambiental e econômico foi apontado por ele como base da estratégia brasileira para atrair investimentos e reforçar a estabilidade institucional.

“Se o mundo vive um momento de profundas incertezas, o Brasil tem garantido estabilidade nos últimos anos, oferecendo previsibilidade para quem quer fazer negócios”, concluiu.

redacao
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