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O Ibovespa viveu uma sessão histórica nesta terça-feira (13), com forte apetite ao risco impulsionado por fatores internos e externos. O principal índice da bolsa brasileira disparou 1,74% e fechou aos 138.963,11 pontos, em novo recorde nominal de fechamento. Durante o pregão, também atingiu a máxima intradia histórica de 139.418,97 pontos, superando com folga as marcas anteriores.
O movimento foi embalado por dados de inflação abaixo do esperado nos Estados Unidos, valorização das commodities e aumento das expectativas de que o ciclo de alta da Selic esteja chegando ao fim. O alívio externo, somado a sinais mais claros da política monetária brasileira, deu sustentação a uma forte recuperação, após uma sessão morna na véspera.
O dólar à vista também refletiu o otimismo: recuou 1,32%, sendo negociado a R$ 5,6087.
No cenário local, investidores repercutiram a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta manhã. O documento não trouxe grandes surpresas, mas reforçou a cautela do Banco Central diante das incertezas fiscais e do ambiente externo. O texto foi considerado neutro e contribuiu para a leitura de que o atual ciclo de aperto monetário pode já ter se encerrado. Na última reunião, o BC elevou a Selic em 0,50 ponto percentual, para 14,75% ao ano, e deixou aberta a possibilidade de pausa nos próximos encontros.
Ações em destaque
Entre os destaques do dia, Hapvida (HAPV3) liderou os ganhos do Ibovespa, mesmo com queda de 15,8% no lucro ajustado do primeiro trimestre, que fechou em R$ 416,4 milhões. A melhora na sinistralidade e os depósitos judiciais agradaram os analistas, o que sustentou a valorização dos papéis.
Na outra ponta, Yduqs (YDUQ3) liderou as perdas após divulgar resultados mistos. O lucro líquido ajustado caiu 11,4%, para R$ 153,7 milhões, enquanto o Ebitda também recuou. Apesar do crescimento na geração de caixa, a empresa revisou para baixo sua projeção de lucro por ação (LPA) para 2025, o que gerou reação negativa do mercado.
Entre as blue chips, Petrobras (PETR3; PETR4) subiu quase 2% após reportar lucro de R$ 35,2 bilhões no primeiro trimestre — alta de 48,6% na comparação anual. Em teleconferência, a CEO Magda Chambriard reforçou o foco em austeridade e controle de custos, diante da queda do petróleo tipo Brent, que caiu de US$ 85 para US$ 65 no período.
Vale (VALE3) também avançou cerca de 2%, beneficiada pela alta do minério de ferro e pelo otimismo com o acordo comercial entre Estados Unidos e China, que suspendeu temporariamente tarifas entre as duas potências.
Cenário internacional
Em Wall Street, os principais índices operaram de forma mista, com os mercados reagindo a dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nos EUA, que subiu 0,2% em abril, como esperado. No acumulado de 12 meses, a inflação atingiu 2,3%, levemente abaixo das projeções. O resultado consolidou as apostas de que o Federal Reserve (Fed) pode cortar os juros em 50 pontos-base até dezembro.
Embora o CPI não seja o indicador preferido do Fed, ele ajuda a calibrar as expectativas do mercado em relação à política monetária. O presidente Donald Trump aproveitou o dado para pressionar o banco central americano: “Não há inflação. O Fed tem que baixar os juros”, escreveu na rede Truth Social, comparando a política americana às ações já adotadas por Europa e China.
Trump também surpreendeu ao anunciar que pretende remover as sanções impostas à Síria, em um gesto simbólico durante fórum de investimentos na Arábia Saudita. “É a hora da Síria brilhar. Estamos tirando todas as sanções”, declarou.