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A recente elevação da taxa básica de juros, a Selic, para 12,25% ao ano, anunciada pelo Copom na quarta-feira (11), trouxe mais atratividade aos ativos de renda fixa. Contudo, especialistas alertam que, mesmo em um cenário de juros altos, investir requer estratégia e diligência. Tanto os títulos públicos quanto os privados oferecem oportunidades, mas também riscos que não se adequam a todos os perfis de investidores.
No segmento de títulos públicos, os papéis pós-fixados, como o Tesouro Selic, ganharam destaque imediato. Com rendimento mensal próximo de 1%, o Tesouro Selic é indicado pela XP como uma opção ideal para reservas de emergência devido à sua liquidez e retorno competitivo. Já o Tesouro IPCA+, com retorno real acima de 7%, é recomendado para investidores que desejam proteção contra a inflação e que planejam manter o título até o vencimento. Além disso, para quem aposta na queda dos juros no médio prazo, esses papéis podem oferecer ganhos adicionais com a venda antecipada, destaca Sharon Halpern, sócia da Blackbird Investimentos.
Os prefixados, por outro lado, continuam sendo tratados com cautela, mesmo apresentando taxas superiores a 1% ao mês. A volatilidade desses títulos, especialmente em um ambiente de incerteza fiscal e política global, exige que investidores prefiram vencimentos mais curtos para mitigar os riscos, explica Camilla Dolle, head de renda fixa da XP.
No mercado de crédito privado, alternativas como debêntures, CRIs e CRAs também podem oferecer retornos atraentes, mas demandam maior análise. A combinação de prêmios reduzidos e custos de dívida mais altos, causada pela expectativa frustrada de uma queda nas taxas de juros, torna a escolha de papéis criteriosa essencial, afirma Jefferson Honório, sócio da Brio Investimentos.
Sophia Annicchino, gerente institucional da Bloxs, recomenda uma abordagem seletiva, priorizando empresas de médio porte em setores defensivos, como energia e saneamento. Segundo ela, o foco deve estar nos fundamentos da empresa, avaliando a capacidade da companhia de honrar suas dívidas com base em indicadores financeiros sólidos.
A busca por maiores retornos no crédito privado, no entanto, não deve comprometer a segurança da carteira. “Exposição a empresas sem classificação AAA deve ser feita com muita cautela. Não vale a pena correr riscos desnecessários em um ambiente de taxas tão elevadas”, alerta Dolle.
O ano de 2025 se apresenta como um momento promissor para investimentos em renda fixa, mas exige um equilíbrio cuidadoso entre retorno e risco. Camilla Dolle conclui: “As oportunidades existem, mas devem ser aproveitadas com seletividade e dentro do apetite de risco de cada investidor. É um momento de valorizar a cautela.”