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Após um biênio desafiador, marcado por demissões em massa e o fechamento de diversas startups em resposta à elevação das taxas de juros, 2024 apresenta indícios de retomada econômica. Especialistas antecipam o surgimento de novas startups de alto valor, conhecidas como "unicórnios sociais", impulsionadas pelo crescente interesse em práticas sustentáveis e responsabilidade social (conhecidas pela sigla ESG, que representa os pilares ambiental, social e governança corporativa).
Unicórnios são definidos como empresas que alcançam uma avaliação superior a US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 4,95 bilhões) antes de sua oferta pública inicial de ações. Aquelas que além de alcançar tal valorização, ainda contribuem positivamente para a sociedade e o meio ambiente são denominadas unicórnios sociais, embora esse termo não seja comumente adotado por elas.
"Essas startups emergem com o propósito de mitigar problemas sociais e ambientais. Dado o contexto brasileiro, repleto de desafios nesses aspectos, é esperado um crescimento no número dessas empresas nos próximos anos", destaca Raquel Teixeira, executiva da EY para a América Latina.
A plataforma Distrito, voltada para inovação, projeta que cerca de 20 startups latino-americanas possam atingir o patamar de unicórnio em 2024, sendo 12 delas brasileiras. Entre as brasileiras, destacam-se Blip, Petlove, Órigo Energia, entre outras. Outras empresas da América Latina, como 99 minutos e Karvi, também são mencionadas.
Embora o setor tecnológico e financeiro permaneça como foco principal, aproximadamente um quarto das startups brasileiras busca gerar impacto social positivo. Um exemplo é a SolFácil, que promove o acesso à energia solar por meio de financiamento para instalação de sistemas fotovoltaicos. Fabio Carrara, CEO da SolFácil, ressalta a importância ambiental e econômica da iniciativa, principalmente diante dos altos custos de energia elétrica no Brasil.
Marcelo Lombardo, líder da Omie, vê nas startups de impacto socioambiental uma tendência crescente, mesmo entre empresas inicialmente voltadas à tecnologia. Ele enfatiza a importância de equilibrar propósito social com viabilidade empresarial, destacando que startups exclusivamente sociais podem enfrentar dificuldades de sustentação financeira.
Além das mencionadas pela Distrito, analistas apostam em outras seis startups para se tornarem unicórnios, incluindo duas com foco socioambiental. A Deloitte também reconhece a ascensão de startups de impacto social, associando-as a estratégias de mudança global.
Com a urgência das mudanças climáticas, a tendência é que mais empresas e governos busquem promover uma economia de baixo carbono. A pesquisa da Deloitte identifica um interesse crescente por investimentos e programas de aceleração focados em startups de impacto social.
Betterfly, uma startup chilena, exemplifica o sucesso dessas iniciativas, tendo alcançado o status de "primeiro unicórnio social" da América Latina. A empresa oferece uma plataforma de bem-estar que incentiva hábitos saudáveis e contribui para projetos sociais.
A tendência de startups com propósito social é reforçada pela Deloitte, que prevê um aumento dessas empresas no Brasil, impulsionado pela adoção de práticas ESG e políticas governamentais de incentivo à sustentabilidade.
Especialistas destacam a importância de um ecossistema de apoio robusto para o desenvolvimento dessas startups, incluindo acesso a mentoria, políticas favoráveis e financiamento. A inovação no setor social é vista como fundamental para enfrentar os desafios ambientais e sociais, com um crescente interesse de investidores nessa área.