Crítica de Galípolo ao IOF expõe tensão entre governo e Banco Central
A posição do presidente do BC ampliou tensões políticas existentes, especialmente em relação ao atual nível da taxa Selic, fixada em 14,75% ao ano

A declaração do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, contra o uso do IOF com finalidade arrecadatória gerou desconforto entre parlamentares da base governista. Galípolo afirmou ser contrário a esse tipo de prática, destacando o risco de que o imposto seja interpretado como instrumento de controle cambial, o que, segundo ele, compromete a credibilidade da política monetária.

A posição do presidente do BC ampliou tensões políticas já existentes, especialmente em relação ao atual nível da taxa Selic, fixada em 14,75% ao ano. Governistas consideram os juros altos um obstáculo à consolidação fiscal, já que a Selic impacta diretamente o custo da dívida pública — cada ponto percentual representa um aumento de mais de R$ 50 bilhões no estoque da dívida, segundo estimativas do próprio BC.

A crítica de Galípolo ocorreu após o governo lançar um pacote de mudanças no IOF, com a intenção de arrecadar R$ 61 bilhões entre 2025 e 2026. A proposta incluiu aumento de imposto sobre aplicações financeiras no exterior, o que gerou reação negativa no mercado. Diante disso, o Ministério da Fazenda recuou da medida.

Galípolo elogiou publicamente a decisão do ministro Fernando Haddad de retirar o trecho mais controverso do pacote antes da abertura dos mercados, classificando a ação como ágil e sensível à reação da sociedade.

O episódio reforça a divisão entre a equipe econômica e a autoridade monetária, e fortalece a pressão política sobre o Banco Central. A ala governista avalia intensificar o discurso contra os juros elevados e ampliar o debate sobre o papel do BC no atual cenário fiscal e monetário.

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