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O ano de 2024 começou com grande otimismo para os fundos imobiliários, mas está prestes a encerrar como um dos piores da série histórica do Índice de Fundos Imobiliários (Ifix). Até o momento, o índice, que reúne os 100 maiores fundos imobiliários da bolsa, acumula uma queda de 11,02%. No entanto, algumas carteiras de FIIs ainda conseguem fechar o ano com saldo positivo. Um exemplo é o portfólio dos cinco melhores fundos imobiliários recomendados pela Empiricus Research, que alcançou uma rentabilidade de 5,62% no ano.
De acordo com Caio Araujo, analista da Empiricus, o cenário inicial de 2024 era favorável, com expectativas de queda na taxa Selic, que poderia atingir 8% até o final do ano. Porém, ao longo dos meses, o setor foi impactado por fatores como o risco de tributação dos dividendos, que gerou instabilidade no mercado, e as incertezas fiscais. Além disso, a reaceleração da inflação e o retorno de um ciclo de alta nos juros pressionaram ainda mais os FIIs.
Para 2025, as previsões apontam para uma Selic entre 14,25% e 15% ao ano, o que afeta negativamente os ativos de risco, incluindo os fundos imobiliários. Araujo destaca que, em um cenário de juros elevados, os FIIs perdem atratividade frente à renda fixa, resultando em redução de liquidez, dificuldades para novas captações e impactos de uma possível desaceleração econômica.
Com isso, o indicador preço/valor patrimonial (P/VP) dos fundos imobiliários atingiu as mínimas da última década, com 0,8%. Em contrapartida, o dividend yield do Ifix nos últimos 12 meses está em torno de 12%, oferecendo um spread de quase 5% em relação ao juro real brasileiro. Apesar do ambiente desfavorável, esses números sugerem oportunidades de compra no setor.
Araujo afirma que, do ponto de vista operacional, os fundos imobiliários permanecem saudáveis. Nesse contexto, os FIIs de crédito aparecem como uma das opções mais atraentes para os investidores, consolidando-se como boas oportunidades mesmo em meio aos desafios do cenário atual.