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As ações da XP Investimentos (XP) abriram em forte alta na Nasdaq nesta quarta-feira (21), impulsionadas pelos resultados sólidos do primeiro trimestre de 2025 e o anúncio de um novo programa de recompra de ações de até US$ 1 bilhão. Os papéis chegaram a subir quase 4% na abertura e operavam com ganho de 1,67%, cotados a US$ 18,87. No acumulado do ano, a valorização já beira os 60%.
O otimismo do mercado foi reforçado por grandes casas de análise. UBS BB e BTG Pactual mantiveram a recomendação de compra para os papéis e elevaram suas projeções de lucro e preço-alvo. O BTG, por exemplo, agora vê as ações subindo até US$ 22 em 12 meses — um potencial de valorização superior a 15%.
No primeiro trimestre, a XP registrou lucro líquido ajustado recorde de R$ 1,2 bilhão, superando as expectativas. O Ebitda ficou em R$ 1,5 bilhão, com margem de 34,7%. Segundo o UBS, a companhia está no caminho para atingir R$ 5 bilhões de lucro em 2025, já tendo alcançado 25% da meta logo nos três primeiros meses.
Apesar disso, o lucro antes de impostos (EBT) veio 3% abaixo das projeções, reflexo de uma alíquota de imposto atipicamente baixa, de apenas 2,1%. O controle de custos, por outro lado, foi visto como um ponto forte, com despesas operacionais estáveis e queda de 10% nas despesas gerais, administrativas e de vendas.
No varejo, a captação líquida foi de R$ 19,7 bilhões, com alta de 3% nos ativos sob custódia. A receita bruta nesse segmento caiu 4%, pressionada pelas receitas com ações (-4%) e fundos (-11%), enquanto a renda fixa avançou 3% — tornando-se, pela primeira vez, a principal fonte de receita da XP, que nasceu como corretora de renda variável.
A "take rate" no cartão de crédito subiu para 2,63%, mesmo com queda de 4% na receita desse produto. Já a taxa anualizada de receita no varejo ficou em 1,25%, frente a 1,33% no mesmo período de 2024.
Para o ano, a XP projeta crescimento de 10% na receita bruta, com destaque para o segundo semestre. Novas frentes como consórcios devem gerar até R$ 100 milhões em receita. A empresa também aposta no modelo "fee-based", em que os clientes pagam uma taxa fixa pelos serviços — tendência que deve ganhar tração.
Entre os riscos, UBS BB e BTG Pactual citam o cenário de juros altos prolongados, concorrência acirrada, desafios regulatórios e execução de novos produtos. O BTG também alertou para questões de compliance, tecnologia e governança.
Mesmo com as ações já sendo negociadas acima do preço-alvo de US$ 17 estimado pelo UBS, os analistas mantêm a recomendação de compra, apontando preço/lucro de 11,3x para 2025 e 10,1x para 2026, além de dividend yield de 6,2% neste ano.
A XP também concluiu seu programa anterior de recompra e anunciou um novo, reafirmando o compromisso com o investidor. O pay-out estimado é de 75% dos lucros — entre dividendos e recompras —, acima do mínimo prometido de 50%. Na videoconferência com analistas, a gestão admitiu que esse percentual mínimo pode ser “conservador”, sinalizando espaço para ainda mais retorno ao acionista.