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O golpe aplicado em falsos grupos de investimentos em aplicativos de troca de mensagem, que gerou nove prisões nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo na semana passada, é "um esquema gigantesco que atinge o Brasil inteiro", aponta o delegado responsável pelo caso.
Nessa segunda-feira (17), a Justiça prorrogou por mais cinco dias a prisão temporária dos suspeitos.
De acordo com Heleno dos Santos, titular da delegacia de polícia de São Luiz Gonzaga, a polícia calcula que há mais de 20 mil pessoas em todo o país que depositaram dinheiro na conta dos supostos golpistas. Ao cair no golpe, as vítimas achavam que estavam investindo no mercado de ações com a promessa de ganhos altos.
Diversas contas em paraísos fiscais foram identificadas pela polícia, com valores que ultrapassam R$ 1 bilhão.
"Em um pequena célula do golpe no RS, identificamos 28 grupos, cada um com 1 mil pessoas ou mais. Soma outros estados, e o número vai subindo", diz o delegado.
As polícias de Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins já investigam ramificações do golpe nesses estados, aponta o delegado.
Operação
O esquema começou a ser desarticulado pela polícia na quarta-feira da semana passada (12), quando 79 ordens judiciais foram cumpridas nos três estados.
A investigação apontou a existência de um falso grupo de investimentos, que agora se sabe que é suspeito de ter lesado dezenas de milhares de vítimas com a promessa de altos retornos financeiros (saiba mais abaixo).
Pelo menos 11 suspeitos de integrar o grupo criminoso já foram identificados. Nove foram presos e dois seguem foragidos. Houve a apreensão de dinheiro, documentos e carros de luxo.
Na semana passada, foram cumpridos:
- 11 mandados de prisão temporária;
- 21 mandados de busca e apreensão residencial;
- 19 mandados de busca e apreensão de veículos;
- bloqueio em contas bancárias de 11 pessoas físicas e três pessoas jurídicas;
- bloqueio de imóveis de 11 pessoas físicas e três pessoas jurídicas.
Em Santa Catarina, local onde a maior parte do grupo criminoso reside, cinco pessoas foram presas, em diligências nas cidades de Tijucas, Porto Belo, Balneário Camboriú, São Lourenço do Oeste e Itapema.
No Rio Grande do Sul, os mandados se concentraram na cidade de Santo Antônio das Missões, no Norte do estado, onde o grupo criminoso centralizou as suas atividades por alguns meses.
Ainda houve mandados para serem cumpridos em três endereços na cidade de São Paulo, onde um dos integrantes do grupo criminoso reside, de acordo com a Polícia Civil.
Entenda o golpe
Segundo o delegado Santos, vítimas dos estelionatários procuraram a Polícia Civil reclamando de uma empresa que prometia investimentos no mercado de ações com a promessa de ganhos altos.
"As vítimas foram atraídas a integrarem grupos virtuais de 'investimentos financeiros' muito lucrativos, geridos a partir de uma duvidosa plataforma digital de investimentos online denominada 'gênesis.net', nome ‘copiado’, em parte, de uma empresa do ramo financeiro denominada 'Gênesis Investimentos', que não tem relação nenhuma com a investigação, sendo uma empresa regular no ramo de investimentos", explica o delegado Santos.
A vítima do golpe era incentivada a instalar o aplicativo "genesis.net" no seu telefone celular, cadastrando, em seguida, os seus dados pessoais.
Depois, a pessoa recebia um link para entrar em grupos de WhatsApp. Lá era orientada sobre como investir e era pressionada a fazer aplicações rapidamente, assim que os falsos consultores diziam ter recebido "informações privilegiadas" de momentos ideais, e geralmente curtos, para "investimentos altamente rentáveis".
O dinheiro que seria destinado para investimentos caía em contas de criminosos, principalmente no exterior. Os bandidos faziam com que as transações parecessem ser feitas por meio de sites e aplicativos seguros. Há suspeita de que eles criaram pelo menos três empresas de fachada para o desvio do dinheiro obtido das vítimas.
Os suspeitos de envolvimento nos golpes foram identificados após ostentarem seus ganhos em perfis de redes sociais. Era por meio delas que eles convenciam outras pessoas a "investir" no esquema fraudulento.
"Muitas vezes os golpistas ainda alugaram luxuosas salas comerciais e de reuniões, simulando reuniões de trabalho, de modo a conferir maior credibilidade ao golpe", conta o delegado Silva.