Vorcaro usará recursos de venda ao BTG para capitalizar o Banco Master e destravar acordo com BRB e FGC
Pessoas a par do negócio afirmam que recursos obtidos pelo banqueiro irão melhorar liquidez e garantir funcionamento do banco

O banqueiro Daniel Vorcaro vai utilizar os recursos obtidos com a venda de seus ativos pessoais ao BTG Pactual para reforçar a capitalização do Banco Master, melhorar a liquidez da instituição e viabilizar a continuidade de suas operações. A movimentação também tem o objetivo de cumprir as exigências contratuais da venda do controle do Master ao Banco de Brasília (BRB), segundo fontes próximas às negociações.

Na terça-feira (27), Vorcaro concluiu uma operação com o BTG, liderado por André Esteves, no valor aproximado de R$ 1,5 bilhão. O pacote vendido inclui ações de empresas como Light e Méliuz, precatórios e imóveis. O contrato de venda do Master ao BRB prevê que o banqueiro injete R$ 2 bilhões no banco como parte do processo de saneamento financeiro.

Além de garantir a capitalização, a venda dos ativos ajuda a reduzir o chamado "bad bank", a fatia dos ativos de menor qualidade do Master que não será incorporada pelo BRB. Isso deve facilitar tanto a aprovação da operação pelo Banco Central quanto uma solução para o destino desses ativos problemáticos.

A reestruturação também tem impacto direto sobre o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que poderá ter papel relevante na cobertura de eventuais perdas. O Master tem cerca de R$ 53 bilhões em CDBs garantidos pelo FGC, mas a captação desses papéis caiu drasticamente após o anúncio da venda. Como o FGC é financiado pelos grandes bancos privados — que já demonstraram resistência ao uso dos recursos para socorrer o Master —, qualquer solução envolvendo o fundo exige cautela e consenso.

O próximo passo envolve a aprovação de duas operações distintas: uma com o BRB e outra com o FGC. Fontes do setor indicam que o negócio com o BTG pode ser ampliado para até R$ 2 bilhões, o que ajudaria a completar a capitalização necessária.

Nos bastidores, circula a informação de que o FGC já realizou uma primeira operação de apoio, mantida sob sigilo, como ponte de transição até a conclusão do negócio. Resta, agora, uma segunda operação que trate especificamente da liquidação dos ativos do "bad bank" remanescente.

Em comunicado divulgado ao mercado, o BTG informou que a operação foi acompanhada e aprovada pelo Banco Central e pelo FGC, e que Vorcaro assumiu o compromisso de destinar os recursos integralmente ao Banco Master.

Negociadores envolvidos destacam que a iniciativa representa um avanço decisivo para resolver o impasse envolvendo o banco. A avaliação entre reguladores e investidores é de que o Banco Central só dará sinal verde ao negócio com o BRB se houver uma solução completa, que trate simultaneamente dos ativos saudáveis e problemáticos da instituição.

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