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O controle da inflação no Brasil poderá exigir taxas de juros ainda mais altas, conforme alerta o BTG Pactual em recente relatório. Por enquanto, o banco prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) implemente duas elevações de 1 ponto percentual (p.p.) na Selic nas reuniões de janeiro e março, seguidas de mais dois ajustes de 0,50 p.p. em maio e junho. Dessa forma, a taxa básica de juros deveria alcançar 15,25% ao ano.
Apesar desse cenário, o economista-chefe do BTG, Mansueto Almeida, e sua equipe consideram que os riscos para o controle inflacionário permanecem elevados. Segundo o relatório, a convergência da inflação para a meta pode demandar juros ainda mais elevados, caso não haja uma desaceleração significativa na atividade econômica.
O banco ressalta que, sem ajustes adequados na política econômica, os desafios para a condução monetária devem se intensificar, afetando as expectativas para 2025 e 2026.
A reunião de dezembro do Copom surpreendeu parte do mercado ao anunciar um aumento de 1 ponto percentual, elevando a Selic para 12,25% ao ano. Além disso, o Comitê indicou que pode aplicar novos aumentos no mesmo patamar nas próximas reuniões.
O BTG Pactual avaliou que o Copom adotou um tom hawkish — mais inclinado ao aperto monetário — em resposta à intensificação da inflação. Esse movimento foi impulsionado por uma nova rodada de depreciação cambial e a desancoragem das expectativas econômicas.
O Banco Central destacou também um cenário externo desafiador, com incertezas nos Estados Unidos e riscos crescentes para economias emergentes. No âmbito doméstico, a economia brasileira continua apresentando resiliência, sustentada por estímulos fiscais e de crédito, o que pode manter a pressão inflacionária por mais tempo.