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A inflação oficial do Brasil desacelerou em março, mas ainda assim registrou a maior alta para o mês em mais de duas décadas. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 0,56% no mês, após uma alta de 1,31% em fevereiro.
Apesar da desaceleração, o resultado de março foi o mais elevado para o mês desde 2003, quando o índice alcançou 0,71%. A taxa veio levemente acima da mediana das projeções de 38 instituições consultadas pelo Valor Data, que esperavam um avanço de 0,54%. Ainda assim, o número ficou dentro do intervalo das estimativas, que variavam de 0,46% a 0,58%.
No acumulado de 12 meses até março, a inflação medida pelo IPCA chegou a 5,48%, acelerando em relação aos 5,06% registrados até fevereiro. Esse resultado também superou a expectativa média do mercado, que previa uma inflação de 5,45%, e ultrapassou o teto da meta inflacionária definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2025 — de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
A leitura acende um alerta para o Banco Central, que monitora de perto os números da inflação ao definir os rumos da política monetária. Com a taxa acima da meta, cresce a pressão sobre os juros, especialmente em um cenário de expectativas já fragilizadas e incertezas quanto à trajetória dos preços nos próximos meses.
O IPCA é calculado com base na variação de preços de uma cesta de consumo das famílias com rendimento mensal entre um e 40 salários mínimos. O índice abrange dez regiões metropolitanas do país, além de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.
A composição detalhada do índice ainda será analisada para entender quais grupos pressionaram a inflação de março, mas o número robusto, mesmo com desaceleração, mantém o tema como prioridade na agenda econômica do governo e do Banco Central.