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O risco fiscal persistente na economia brasileira mantém o dólar acima de R$6 e levanta preocupações de que a moeda norte-americana possa ultrapassar os R$7 em 2025, segundo análise do banco BTG Pactual, divulgada em relatório macroeconômico nesta quinta-feira (12). A piora nas expectativas em relação às contas públicas levou o banco a revisar suas projeções, estimando o dólar a R$6,25 no final de 2025 e a R$6,35 no final de 2026.
O economista-chefe do BTG, Mansueto Almeida, e sua equipe argumentam que a desvalorização cambial, aliada à desaceleração da demanda doméstica, deve contribuir para um aumento no superávit comercial nos próximos anos. Com isso, o déficit em transações correntes deve ser reduzido para um patamar próximo a 2% do PIB em 2025 e 2026. Contudo, o cenário depende da condução econômica e da credibilidade das políticas públicas.
Entre os principais riscos apontados pelo banco estão ações governamentais que comprometam o Orçamento, mecanismos parafiscais que ampliem incertezas, intervenções no mercado cambial e medidas que enfraqueçam a credibilidade da política monetária. Tais fatores, segundo o relatório, poderiam empurrar o câmbio para além da barreira de R$7 por dólar no próximo ano.
A análise do BTG aponta que o governo ainda não apresentou um conjunto de medidas robustas o suficiente para afastar o risco de mudanças no arcabouço fiscal nos próximos dois anos. O impacto fiscal estimado pelo banco é de R$46 bilhões em dois anos e R$242 bilhões até 2030, valores inferiores aos projetados pelo governo, que calcula R$71,9 bilhões e R$327 bilhões, respectivamente.
Além do impacto fiscal limitado, o relatório avalia que a Selic deve alcançar 14,75% ao ano no segundo trimestre de 2025, em um esforço para conter a inflação e estabilizar o mercado cambial. No entanto, a elevada taxa de juros poderá pressionar ainda mais as contas públicas e a atividade econômica, dificultando a trajetória de recuperação.
A equipe do BTG conclui que, enquanto medidas efetivas não forem adotadas para fortalecer o equilíbrio fiscal, a economia brasileira seguirá vulnerável às oscilações cambiais e à perda de confiança do mercado.