Marfrig e BRF anunciam fusão e criam nova gigante global de alimentos
A fusão, no entanto, ainda depende da aprovação dos acionistas e da ausência de eventos adversos

O setor de proteínas no Brasil acaba de ganhar um novo protagonista global. Marfrig e BRF anunciaram nesta quinta-feira (15) a fusão de seus negócios, resultando na criação de uma nova companhia chamada MBRF. O movimento marca a união de duas das maiores empresas do setor de alimentos do país e promete gerar impacto direto no mercado global.

Segundo Marcos Molina, controlador e presidente dos conselhos de administração das duas companhias, a combinação é estratégica e representa um passo necessário para explorar novas sinergias e acelerar o crescimento global das operações. A proposta será votada em assembleias extraordinárias no dia 18 de junho.

A fusão, no entanto, ainda depende da aprovação dos acionistas e da ausência de eventos adversos que possam comprometer as operações das empresas, como guerras ou desastres naturais.

Juntas, Marfrig e BRF somam uma receita líquida de R$ 152 bilhões nos últimos 12 meses e presença em 117 países, com marcas consagradas como Sadia, Perdigão e Qualy no portfólio. A nova companhia deve se consolidar como uma das maiores do setor de alimentos do mundo, com 38% das vendas concentradas em produtos processados de alto valor agregado.

A estrutura da transação prevê que a BRF será incorporada pela Marfrig, com a relação de troca definida em 0,8521 ação da Marfrig para cada ação da BRF. Após a fusão, a BRF passará a ser uma subsidiária integral da Marfrig, que continuará listada no Novo Mercado da B3.

Como parte do acordo, os acionistas das duas companhias receberão um pacote robusto de proventos. A BRF distribuirá até R$ 3,52 bilhões, enquanto a Marfrig pagará R$ 2,5 bilhões aos seus investidores. A operação também abre espaço para que acionistas contrários à fusão exerçam o direito de retirada.

Os valores de reembolso são os seguintes:

  • Acionistas da BRF: R$ 9,43 por ação (valor contábil) ou R$ 19,89 por ação (com base em laudo de avaliação)

  • Acionistas da Marfrig: R$ 3,32 por ação

O custo estimado da fusão é de R$ 24 milhões, envolvendo auditorias, assessorias jurídicas e consultorias financeiras. Em contrapartida, as sinergias previstas pela nova MBRF são estimadas em R$ 805 milhões por ano, sendo até R$ 500 milhões já nos primeiros 12 meses. Entre os principais ganhos estão a venda cruzada de produtos, economia na cadeia de suprimentos, consolidação de estruturas e integração operacional.

As empresas também projetam uma economia fiscal de até R$ 3 bilhões em valor presente, a partir da monetização de créditos tributários federais e estaduais. Além disso, há planos de explorar oportunidades de redomiciliação para a América do Norte, com o objetivo de aumentar a liquidez das ações, reduzir o custo de capital e elevar o valor de mercado da nova companhia.

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